Hoje dói, mas quando eu olho pra dor do passado ela não combina com essa de agora. Hoje dói e parece que essa dor se dá na alegria. Parece que essa dor não é por tristezas sem fim, essa dor é pelo lamento de ver tanta doçura indo embora. É uma dor de inconformidade com a vida, por ela fazer ser tão difícil algumas coisas lindas perdurarem. Minha dor é um lamento, por acreditar tanto no amor e perceber isso ser tão pouco.
Minha dor são lembranças felizes. Minha dor são momentos de carinho. Minha dor são como patinhas de unicórnio desaparecendo quando eu acordo de um sonho bom. São banhos de cachoeira. São garrafas de vinho. Minha dor são ovos mexidos no café da manhã. Minha dor é a impotência de manter tudo vivo, tudo mudando, tudo voltando.
Minha dor é alegria. E quando eu olho pra trás e vejo como esses caminhos mudaram, me sinto grata, afinal. Eu poderia dizer o quanto você é parte disso, mas que bobagem, e que injustiça seria comigo mesma, já que eu tenho lutado tando e por tanto tempo para ressignificar a minha dor.
Releio aqui. Refaço cada pedacinho desde o dia em que ganhei a primeira flor vinda de você. Talvez seria mais bonito se fosse mais triste. Mas que prazer é essa minha dor vinda da alegria. Tão prazerosa que, de alguma forma, também te agradeço, pelas partes de você que deixou nesse caminho.